domingo, 6 de dezembro de 2009

[ENTREVISTA] Neun Welten

DA NATUREZA PARA O MUNDO

Bandas que encontram inspiração na Natureza há muitas, mas não são assim tantas as que conseguem capturar o espírito natural de forma harmoniosa na sua música, recorrendo a uma série de instrumentos acústicos para passar esse sentimento. Por isso falamos com os Neun Welten para perceber como é que o seu novo disco “Destrunken” consegue reunir esse espírito natural em forma de música, e acabamos a descobrir mais do que uma ligação ao nosso país.

Como é que apresentam os Neun Welten a quem não vos conhece?

Combinamos instrumentos clássicos, como o violino, violoncelo ou flauta, com instrumentos modernos, como bateria ou guitarras acústicas. A nossa música é maioritariamente instrumental e cria uma atmosfera influenciada pela natureza. O resultado é uma sonoridade mística, melancólica e por vezes vibrante. Todas as músicas de Neun Welten são compostas por nós, e podemos chamar à nossa sonoridade um Folk místico da natureza.

O que vos inspirou para criar a banda e escolher este nome em particular?

Neun Welten quer dizer Nove Mundos, e refere-se à mitologia Nórdica. Quando a banda foi criada escolhemos esse nome devido ao nosso interesse em mitologia, lendas ou sagas nossas e também da história Nórdica. Dado o nosso desenvolvimento pessoal e novas experiências, hoje temos muitas mais influências que afectam a nossa música do que apenas a mitologia Nórdica. No entanto, a natureza ainda representa um papel principal, e as nossas experiências com a natureza são cruciais para a nossa sonoridade e estão também presentes nas lendas e sagas antigas.

Destrunken” é editado 3 anos depois de “Vergessene Pfade” – quais são as principais diferenças entre os dois lançamentos?

Nas músicas de ambos os discos tentamos expressar as nossas experiência com e na natureza. Com Vergessene Pfade” descrevemos a natureza como a vemos, mais no sentido de imagens ou cenas da natureza. Neste novo disco adoptamos uma perspectiva diferente, tentamos expressar mais as diferenças percepções da natureza que cada um tem, dependendo das suas condições emocionais. Desde o início que “Destrunken” tinha um conceito mais forte por detrás das músicas e por causa disso consegue passar uma atmosfera similar, mais íntima e poderosa.

Como é que normalmente compõem música para os Neun Welten?

A composição é um processo em que estamos todos envolvidos e criamos as músicas juntos. Devido a isso, uma música na sua versão final pode muitas vezes diferir bastante da ideia inicial.

Porquê a escolha de “Destrunken” para o nome do disco?

Antes de mais, Destrunken” não é uma palavra alemã, nem sequer existe em qualquer outra língua. É uma palavra imaginária, por isso não tem nenhum significado especial e pode ser livremente interpretada. Para nós descreve um sentimento muito especial, como alguém a vaguear no nevoeiro, ou de uma forma errática através de conflitos internos.

Há algum conceito por detrás do disco?

Há um conceito que constitui uma história acerca de uma viagem que alguém pode ter, por exemplo através da natureza, em que esse alguém tem que lidar com as suas próprias emoções, provavelmente conflituosas. Claro que essas emoções influenciam a percepção da natureza, do ambiente que nos rodeia, podendo-se sentir assustado ou reconfortado. O nosso conceito do disco é bastante pessoal e íntimo.

E quais são as principais influências nas vossas composições?

As influências podem ser muito diferentes. Maioritariamente recolhemos as nossas emoções, sentimentos e em algumas partes aventuras de viagens que fazemos na natureza de tempos a tempos. E então deixamo-los fluir na nossa composição. Essas experiências são de natureza terrena ou mística, são intensas, belas ou etéreas. Para o novo disco usamos mais experiências pessoais e influências que encontramos nessas viagens. Mas também assimilamos o que nos rodeia no dia-a-dia numa grande cidade onde sentimentos de natureza são mais do que raros.

Um dos principais desafios para uma banda que recorre a tantos instrumentos é o balanço do som final no disco, para que cada qual possa ter o seu espaço sem comprometer os outros. Acham que isso foi conseguido em “Destrunken”?

Para nós não é assim tão importante que se possa seguir cada instrumento que está a tocar, mas antes que o conjunto forme uma paisagem sonora. Passamos muito tempo em estúdio a definir a mistura para cada música. Este foi um desenvolvimento bastante entusiasmante para nós e para as músicas também. Agora, a sonoridade e a mistura estão muito perto da nossa visão. Antes de entrarmos em estúdio para as gravações produzimos nós mesmos algumas das músicas na nossa sala de ensaio. A evolução do som e por conseguinte das músicas é muito interessante, todas têm o seu espírito específico. Por isso se estiverem interessados, irá também haver uma edição especial do disco incluindo estas demos de pré-produção intitulada “Dämmerung - die Destrunken Demos”.

Prestam também atenção especial à componente visual do vosso trabalho, tendo escolhido o trabalho de Fursy Teyssier para o ilustrar. Como é que esta colaboração teve lugar?

Com este disco queríamos percorrer um novo caminho. Não tínhamos uma pré-concepção ou imagens como tinha acontecido com "Vergessene Pfade”. Queríamos que o Fursy ouvisse a música e tirasse as suas próprias impressões. Por isso ele desenhou a capa com base na música para que fosse o perfeito complemento aos vários ambientes do disco em termos visuais. O Fursy fez um trabalho soberbo! Estamos muito satisfeitos e adoramos o trabalho gráfico, ele é um grande artista.

E estão satisfeitos com o resultado final do disco?

Sim, estamos satisfeitos com o resultado final. Queríamos tê-lo lançado mais cedo, mas devido a algumas circunstâncias imprevisíveis e à nossa ambição de conseguir o melhor resultado para cada música individual, demoramos o tempo que foi necessário para o fazer.

E como estão a ser as reacções até agora ao disco? É algo a que prestam atenção?

As críticas nas revistas da especialidade têm sido muito positivas. É importante para nós o que as pessoas têm a dizer sobre o nosso trabalho, porque queremos perceber se as opiniões dos ouvintes são as mesmas que as nossas. Mas é também interessante perceber como é que as pessoas lidam com estas músicas.

Fazer parte da Prophecy quer também dizer que partilham a mesma “casa” com outros projectos de sonoridade semelhante. Isso agrada-vos?

Estamos em muito boas condições na Prophecy. Cada banda tem o seu próprio conceito e sonoridade mas todas partilham a mesma emoção etérea independentemente do estilo que tocam. Com a Prophecy podemos também ter a certeza que teremos sempre música muito bem produzida e com uma forte componente estética.

Há algum projecto com quem sintam alguma afinidade especial?

Gostamos bastante de bandas como os Tenhi, Dornenreich, Empyrium, Alcest ou Klimt1918, entre outras, com quem partilhamos muitas influências e em certa medida lidamos com atmosferas semelhantes que queremos transmitir. Mas seguimos o nosso caminho individual sem grandes afinidades a nível musical com outras bandas.

O que podemos esperar de uma actuação ao vivo dos Neun Welten?

Como aconteceu no passado, uma actuação ao vivo dos Neun Welten vai ser um espectáculo expressivo onde podem fechar os olhos e encontrar-se num sonho. Já tocamos algumas das músicas do novo disco na tour com os Tenhi e os Dornenreich, e nos próximos espectáculos vamos tocar mais algumas músicas do novo disco. Mas vamos ter que fazer arranjos a algumas músicas, por exemplo há partes em que oito violinos e quatro violoncelos tocam ao mesmo tempo. Mas não queremos usar electrónica ou teclados em palco, porque a nossa abordagem aos Neun Welten sempre foi a de manter tão natural quanto possível, e portanto evitamos o recurso a instrumentos electrónicos sempre que possível. Adicionalmente, tentamos criar uma atmosfera intimista com recurso a velas e usamos também por vezes projecções vídeo com imagens da natureza, incluindo-nos também na área de projecção para poder chamar mais a atenção para as atmosferas das músicas e para nós como músicos.

E têm algum plano para actuar em Portugal num futuro próximo?

Teríamos muito gosto de tocar em Portugal no futuro. Alguns de nós passamos alguns dias na bela cidade de Lisboa, e a Anja, que tem a sua própria agência musical, assinou contrato com a banda Dazkarieh de Portugal e tornaram-se bons amigos. Há por isso uma pequena ligação que esperamos que se venha a alargar no futuro.

E quais são os vossos planos para o futuro dos Neun Welten?

Mantermo-nos verdadeiros, naturais e mantendo o mesmo espírito. [risos] No futuro próximo vamos produzir algumas músicas especiais para diferentes compilações. Adicionalmente vamos começar a escrever músicas novas para o próximo disco que poderá ser mais experimental. E durante este tempo iremos, esperamos nós, tocar alguns espectáculos em Portugal!

Lurker

[Website: http://www.myspace.com/neunwelten]

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