segunda-feira, 26 de outubro de 2009

[ANÁLISE] TriORE - "Three Hours" [CD - 2009]

TRIORE
Three Hours [CD]
Cold Meat Industry / Eternal Soul Records

Quando o conceito começou a ser divulgado, a antecipação começou também a instalar-se: um disco resultante da colaboração entre Triarii e Ordo Rosarius Equilibrio (ou entre Christian Erdmann e Tomas Pettersson) tinha tudo para se tornar um clássico! Para além da genialidade de ambos os projectos de origem, já a colaboração entre Ordo Rosarius Equilibrio e Spiritual Front em "Satyriasis - Somewhere Between Equilibrium And Nihilism" tinha sido memorável, e a faixa "Roses 4 Rome" do disco "Pièce Héroique" de Triarii (onde Christian e Tomas se juntaram pela primeira vez) era uma das melhores do alinhamento completo. Porém, quando a antecipação é muita, também as expectativas ficam muito altas - não se augurava um trabalho fácil para o duo conseguir acompanhá-las.

Mas o melhor que se pode dizer de "Three Hours" é que não desilude. Depois de algumas audições ao disco de TriORE, qual encarnação do melhor dos seus dois mundos de origem, facilmente podemos ver que estamos perante um trabalho competente, recheado de músicas memoráveis e de excelentes composições, muito bem executado e produzido. Será um candidato a disco do ano em muitas listas, e tem tudo para envelhecer com graciosidade. Mas, como em todas as rosas, também temos que ter cuidado com alguns dos seus espinhos.

O principal problema que se pode encontrar neste trabalho é a demasiada similaridade com o catálogo de Ordo Rosarius Equilibrio - sim, bem entendido que é um projecto alicerçado nesse historial, mas se retirassemos algumas destas músicas e as colocassemos num disco de ORE (como por exemplo "The Missing Hour"), se calhar ninguém notava a diferença. A componente Triarii no disco é bastante menos significativa que a componente ORE, e isso tira-lhe algum do vigor que esperaríamos de um lançamento deste tipo. Quando Christian coloca o sentimento épico e bombástico que consegue dar aos seus trabalhos em aplicação nas músicas de TriORE (como em "No Tears Are Shed For You And Me"), o disco ganha uma outra dimensão - pena é que não se repitam mais vezes.

De qualquer forma, dificilmente este será um factor que comprometerá "Three Hours". Não quando temos músicas do calibre que Christian e Tomas nos habituaram, mas de alguma forma o conceito acaba por ficar algo curto. Claro que esta afirmação tem que ser colocada no contexto, já que comparamos algo que podia ser histórico com algo que é "apenas" bastante bom, mas a haver um segundo disco de TriORE seria desejável que as proporções desta mistura fossem melhor equilibradas. Enquanto esperamos, nada como repetir audições a um disco do melhor que temos ouvido este ano. E isso não é pouco.

Lurker

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