[EVENTO] Festival Entremuralhas - Dia 2
De volta ao Castelo de Leiria, depois de uma introdução no dia anterior, este seria o primeiro dia repleto de concertos da edição deste ano do Festival Entremuralhas. Um excelente alinhamento dividido entre três palcos, que começava logo com o regresso a Portugal de Sergio e Núria desta feita com o seu projecto Der Blaue Reiter (eles que já tinham marcado presença no Festival Entremuralhas com Narsilion e com Arcana).
Era um dos momentos mais aguardados deste lado, garantidamente. E essa expectativa não foi defraudada. Percorrendo todos os seus discos editados, mas com natural maior enfoque em "Nuclear Sun", a toada marcial e fria que é característica da sua música fez-se ouvir com todo o poder na Igreja da Pena. Fortemente alicerçada em samples, a actuação conseguiu mesmo assim transmitir a força dos temas dos Der Blaue Reiter e provar que têm vindo a singrar uma carreira muito sólida com este projecto em particular, colocando-o como um dos destaques do estilo.
Notou-se algum nervosismo inicial, algumas entradas fora de tempo na percussão, mas com o passar dos temas o equilíbrio melhorou e podemos dizer que foi um dos momentos do festival. Sempre com a sua característica simpatia, o casal do país vizinho fez-nos ter vontade de os voltar a ver em Leiria no(s) próximo(s) ano(s). Ainda lhes falta um projecto, por isso quem sabe?
Seguiu-se o duo Lebanon Hanover, uma estreia no nosso país de uma das bandas mais badaladas da actualidade. Minimalistas na sua aproximação à Coldwave que os caracteriza, a sua actuação em Leiria não esteve à altura da fama que os precede. Um pouco nervosos, principalmente William Morris, não conseguiram colocar em palco toda a magia que transmitem nos discos de estúdio. Mesmo assim demonstram ser uma valente pedrada no charco de muita da música minimal que por aí se vai fazendo, mas teremos que esperar por outra altura para os ver na plenitude das suas capacidades.
Um dos momentos mais esperados da noite era a estreia dos TriORE em palcos nacionais. Dada a escassez de actuações ao vivo por parte deste projecto, esta era também por isso uma noite especial. Com apenas um disco lançado até à data, seria natural de prever que uma boa parte das músicas da noite seriam parte desse trabalho. Nada a apontar, até porque a genialidade de "Three Hours" e a qualidade da maior parte das músicas que o compõem nos deixa ficar totalmente hipnotizados por ter a oportunidade de as vermos desenvolverem-se ao vivo em frente aos nossos olhos e ouvidos.
Como se ainda não fosse suficiente, tivemos o privilégio de poder ouvir em primeira mão duas faixas que farão parte do próximo trabalho denominado "Farewell All My Cumrades", e que se espera que tenha edição ainda este ano. A julgar pelo que ouvimos, prevê-se mais um grande disco para esta recta final do ano! E para finalizar uma actuação em grande, tivemos ainda direito a uma breve passagem pela discografia de Triarii, especificamente na figura de "Roses 4 Rome". Abriu o apetite para ver o projecto de Christian Erdmann ao vivo, isto depois da outra metade desta joint-venture já se ter apresentado numa das edições passadas do Festival Entremuralhas.
Pese todos os excelentes concertos que já tínhamos tido oportunidade de ver, o momento mais alto da noite (e um dos melhores de todo o festival) estava ainda reservado para os Spiritual Front. Depois de um período em que não se auguravam grandes perspectivas para o colectivo liderado por Simone Salvatori (talvez devido ao estado do próprio), os últimos tempos têm-nos apresentado uns Spiritual Front no pico da sua forma. E com um grande disco acabadinho de lançar, estavam todas as condições reunidas para que este fosse um grande concerto.
Mas as coisas nem começaram bem. Problemas com os samples fizeram com que houvessem duas "falsas partidas" e que só à terceira tentativa é que "The Shining Circle" pudesse ser tocada na íntegra. Não são momentos fáceis, mas aqui se vê a fibra de um líder. Simone aproveitou estes momentos para nos dar duas músicas a solo, apenas com a sua guitarra e a sua voz, enquanto os problemas eram resolvidos pelo resto da banda e pela equipa técnica. Acabou por resultar muito bem, uma espécie de bónus para o público, e um problema foi transformado numa virtude. Bravo!
A partir daí os problemas técnicos não mais vieram ao de cima, e os Spiritual Front puderam fazer aquilo que sabem bem - desfilar grandes temas uns atrás dos outros, com um excelente som e grandes prestações de toda a banda. Sempre com um filme a passar em projecção, o que tornou a banda em vultos negros em palco, o último trabalho teve o destaque que seria natural, com também bastante incidência em "Armaggedon Gigolo", um dos clássicos do colectivo Italiano. O encore foi merecido, e se mais fosse possível, lá estaríamos para ouvir. Grande concerto de uma grande banda, que está talvez no seu melhor momento de sempre. O futuro é risonho para os Spiritual Front.
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