quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

[ANÁLISE] Der Blutharsch - "Flying High!" [CD - 2009]

DER BLUTHARSCH

Flying High! [CD]
WKN

Sejamos honestos: depois do grande impacto que os Der Blutharsch causaram quando iniciaram o seu percurso discográfico até terem construído um nome sólido na cena alternativa Europeia, a chama esmoreceu um pouco. Albin Julius pareceu mais interessado em percorrer as suas viagens internas do que propriamente em compor material à altura do seu próprio legado. Por isso quando "Flying High!" finalmente chegou a este lado, o factor excitação não estava particularmente alto. Na melhor das hipóteses, pensaria quem escreve deste lado, teríamos um vislumbrar do que foi o génio de outrora. Na pior, um disco sem qualquer sabor ou tempero. Felizmente que há alturas em que nos enganamos.

Para quem tomou conhecimento hoje com os Der Blutharsch (se é que isso é possível) e ouviu o seu fundo de catálogo de uma assentada, "Flying High!" soará como um disco de outra banda. Já totalmente afastado das matrizes marciais ou industriais que tão bem lhes assentaram, mesmo longe da sonoridade folk a que nunca deixaram de piscar o olho, o que aqui temos é uma banda sonora intensa para o apocalipse, psicadélica e experimentalista, revivalista de tempos idos mas com os olhos postos no futuro. Se o paradoxo vos interessa, dêm a este disco uma oportunidade de se apresentar devidamente.

E isso é permitir que ele rode sem preconceitos algumas (dezenas de) vezes. Aí saltaram ao ouvido as harmonias quase-Hammond dos teclados de fundo, um ritmo ritualista que nos envolve e nos contagia e a tal intensidade anteriormente referida - sem darmos por isso, envolve-nos e rodeia-nos, em camada após camada de notas e com a voz de Albin muito bem trabalhada, e quando menos esperamos estamos hipnotizados. Não será a descrição mais fácil de entender, mas "Flying High!" não é um disco fácil de absorver. É antes um disco adulto, maduro, em que se nota o divertimento dos músicos que o criaram, e que nos faz recuperar a esperança nos Der Blutharsch. Porque quem escreve um disco assim, é capaz de nos continuar a surpreender no futuro!

Lurker

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