[EVENTO] Entremuralhas 2012
Costuma-se dizer que "não há duas sem três", e o Entremuralhas confirmou este ano esse ditado popular. Depois de duas edições muito bem conseguidas, a terceira foi certamente a melhor e augura muito de bom para o futuro do melhor festival do género nas nossas paragens, e sem dúvida um dos melhores por essa Europa fora. A comprová-lo o crescente número de visitantes estrangeiros que começam a eleger o Castelo de Leiria como paragem obrigatória em Agosto de cada ano.
Com um equilíbrio bem conseguido entre número de dias do festival e número de bandas presentes em palco (talvez o ponto menos bem trabalhado nas edições anteriores), o Entremuralhas deste ano arrancou com a Britânica Joe Quail e o seu violoncelo eléctrico, no belíssimo cenário da Igreja da Pena. E começou logo bem, com um momento de divertida descontracção, com Quail a descobrir que o motivo pelo qual não tinha som em palco (depois de alguns minutos a tentar perceber o que se passava) era que um instrumento eléctrico não funciona... se não estiver ligado à ficha. Um episódio anedótico, mas que serviu para quebrar o gelo e aliviar um pouco a tensão da estreia.
E em bom momento aconteceu, já que o visível nervosismo deu lugar a uma excelente actuação e uma muito agradável interacção com o público. Quail recorre a uma fórmula semelhante à de Matt Howden (que esteve presente na edição anterior do festival) e com recurso a um sequenciador consegue montar camada após camada de sonoridades arrancadas ao violoncelo, construindo magníficas composições de uma complexidade invejável.
E o melhor de tudo é que resulta muitíssimo bem, principalmente nos momentos mais intensos e vibrantes - destaque particular para o tema que encerrou o concerto, novo e ainda sem título, que faz prever um futuro brilhante para o projecto. Foi uma actuação curta, dentro do que estava previsto, em que a simpatia de Quail foi por demais evidente, criando uma sintonia perfeita com o espírito do festival e de quem marcou presença. Uma abertura em grande!
Que infelizmente não teve uma continuidade à altura com os Stellamara. Não querendo ser mal interpretado, qualidade e virtuosismo são características que não faltam ao colectivo Norte-Americano, mas foi indisfarçável um sentimento de repetição nas músicas que nos apresentaram. Talvez devido a um alinhamento menos bem conseguido, ou a uma mistura de som algo desequilibrada (era difícil ouvir todos os instrumentos, por exemplo), mas o facto é que a actuação dos Stellamara não foi das mais consensuais.
De qualquer forma, a sonoridade inspirada nos Balcãs e Médio Oriente teve os seus momentos altos, com músicas bem conseguidas, a demonstrar (se preciso fosse) que há qualidade neste projecto. Talvez esta não fosse a noite ideal para a sua estreia em solo nacional, mas não se pode negar a frescura que trouxeram ao Palco Alma ao longo da sua actuação. Tivesse sido um pouco mais curta e talvez a imagem com que ficaríamos fosse melhor.
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Acompanhado em palco por Andy Julia (senhor de uma grande actuação, tem que se referir!), Geoffroy levou-nos pelos caminhos electrónicos, ritmados e dançáveis desta "pele" que o seu projecto veste há já alguns discos a esta parte. E que bem que se partilharam alguns dos melhores momentos desses trabalhos na Igreja da Pena! Infelizmente alguns dos momentos mais aguardados aqui deste lado não tiveram ecos nas suas paredes, mas ficaram muitos mais para nos manter a memória viva, sempre muito bem executados. Estivesse a voz um pouco mais alta na mistura, e teria sido perfeito. Mesmo assim foi claramente o concerto do festival, o que não é dizer pouco.
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E para fechar o Palco Alma em beleza, Kim Larsen e os seus Of The Wand And The Moon voltaram mais uma vez a Portugal, mas desta vez com um concerto bastante diferente. No passado habituamo-nos a ver o projecto Dinamarquês com uma toada puramente acústica, quase com o protagonismo centrado em absoluto no seu mentor. Mas desta feita foi uma banda completa que subiu ao palco, com uma base eléctrica que assenta bem nas sonoridades dos seus mais recentes trabalhos.
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E o quase aplica-se porque a seguir vieram os Beauty of Gemina e os VNV Nation. Nada contra nenhum dos projectos em particular, mas depois de três bandas dentro de um estilo particular, o espírito não estava propriamente alinhado para receber propostas tão diferentes. Por isso rumamos a casa, plenos de satisfação por mais uma edição muito bem conseguida de um festival que, ano após ano, nos trás alguma da melhor música que se faz por esse mundo fora. A equipa do FadeIn está mais uma vez de parabéns! Um obrigado e um abraço deste lado, e até ao próximo ano!
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