Domingo à tarde, Coimbra... A Mystica era o local de encontro para todos aqueles que ansiavam por este regresso de Samael a terras lusas. Poder privar nem que apenas por momentos com a banda após 12 anos de ausência atraiu alguns fãs ao deserto centro comercial Avenida. Depois de uma espera algo longa, aparecem bem dispostos e simpáticos, e não se esquivaram a ninguém dos que queriam autógrafos, ou algumas fotos.
O sítio apesar de desconhecido oferecia boas condições: um palco com boa altura, o som aceitável e definido, bom sistema de luzes... melhor do que as expectativas! :) E com tanta falta de salas, é uma excelente solução para futuros eventos (eles que venham!).
O concerto iniciou-se perto das 22h, com cerca de 2h de atraso. A demora no início do espectáculo criou um ambiente bipartido: por um lado aumentou a expectativa, por outro colocou a fasquia muito alta. Todos sabiam que se não tívessemos um excelente concerto, muitas pessoas teriam algo para atacar desde logo.
Com alguma confusão inicial os VS777 entraram em palco, algo tímidos e muitas vezes com pouca confiança, mas esta foi crescendo ao longo da actuação. Este crescendo deu para criar uma certa atmosfera, tendo o ponto alto da sua actuação sido uma das músicas instrumentais, onde a sua envolvência fez esquecer o início um pouco atribulado. Pena não terem baterista físico, mas é uma banda a reter e seguir no futuro...
Por outro lado os Assemblent não convenceram. A verdade é que não faz muito o meu género, por isso e como em tudo o que nos pronunciamos há sempre parcialidade, passo directamente ao verdadeiro momento da noite... SAMAEL!
Estes senhores sabem mesmo o que andam a fazer, o que para quem acompanha a sua carreira desde há muitos anos, não podia ser melhor! Excelente atitude por parte dos músicos, que pareciam estar a gostar de lá estar tanto como nós. E quando esse espírito transparece para o público, estão criadas as condições necessárias para um grande concerto.
A promover um novo álbum, a sua actuação foi naturalmente mais incidente em "
Solar Soul", tocando faixas como a própria faixa título ou "
Slavocracy", o
single de avanço. Sem nunca recuarem para além de "
Ceremony Of Opposites" (de onde a mítica "
Baphomet's Throne" acabou por resultar bem na nova "roupagem" mais electrónica), e explorando essencialmente o trio "
Solar Soul", "
Reign Of Light" e "
Passage", mostraram que o novo trabalho tem muitas músicas que resultam tão bem ao vivo como as do seminal disco de '96 - o que é de facto uma prova que estão no bom caminho.
Makro parece muito melhor integrado no triunvirato original, mas é de facto na dupla Vorph - Xy que reside a magia dos Samael: um brilhante compositor e um fantástico
frontman combinam-se numa máquina musical tão bem oleada que até assusta! Complementados muito bem por Mas, um dos baixistas mais simpáticos da história, que entrega uma alegria e vivacidade que em muito contribui para o sucesso da banda. Para o provar, ficou no final a conversar com o público, enquanto dava autógrafos e tirava fotografias com todos que assim o desejassem.
Há muito tempo que os Samael não convenciam de uma forma tão óbvia. Sentia-se a energia acumulada nos fãs para este evento, descarregada nos temas fortes uns atrás dos outros. Numa gama tão variada e cheia como a de Samael, em que praticamente todos os temas tocados são bons, é fácil ficar satisfeito apesar de saber a pouco, mas já não havia tempo para mais. Grandes malhas ficaram de fora (serei só eu a achar que a "
Angel's Decay" merecia ser mais tocada?)
, mas a sensação de um profundo bem-estar e satisfação foi o que ficou no final!
O encerramento das hostilidades com a frase "
I am my saviour" despoletou o último grande momento da noite... uma escolha muito acertada de palavras: os Samael podem muito bem ter salvado uma carreira com um disco como "
Solar Soul", com a força aparente que demonstram em palco.
Que façam mais do mesmo que nós não nos importamos e que apareçam por estas terras mais vezes que nós agradecemos... Até Wacken!