EVENTO: Rose McDowall, Naevus, SonVer
LOCAL: Music Box, Lisboa
DATA: 26 de Janeiro de 2008, 23:00
A primeira proposta musical da Dagaz para o presente ano constituía um cartaz ecléctico, variado nas sonoridades mas partilhando um fio condutor comum. Um bom pretexto portanto para uma deslocação à zona do Cais do Sodré.
Os SonVer entraram em palco já passava algum tempo das 23h, mas captaram imediatamente a atenção dos presentes.
Joanna com o seu violoncelo esquelético não passou indiferente, bem como a sua simpatia. As palavras do grupo foram parcas, mas a musicalidade encheu a sala (com o que faltava em pessoas). Os sons repetidos com a ajuda electrónica eram hipnotizantes e os próprio músicos entraram em transe com a intensa musicalidade conseguida.
Talvez um pouco dispersos em pormenores de quando em vez, era quando a sonoridade escalava nos ritmos e crescendos que se sentia perfeitamente a qualidade dos SonVer. Talvez não fiquem muito longe do pós-rock que se pratica um pouco por todo o lado nos dias que correm, mas certamente que o fazem melhor do que muitos outros.
Após uma pequena pausa, foi a vez de Naevus, mais minimalista musicalmente: uma guitarra, um baixo e uma voz... 2 pessoas. Estas eram bastante diferentes em aspecto... Lloyd, mais folk, mais terreno com a sua voz limpa e por vezes bastante forte, contrastava com Joanne nos seus sapatinhos vermelhos de salto alto, que parecia ter saltado de um qualquer filme dos anos 20. A sonoridade foi boa e as músicas sucederam-se com o seu movimento folk apelativo.
Já detentores de uma longa e saudável carreira, os Naevus eram talvez a proposta mais Folk tradicional da noite e não defraudaram expectativas. Lloyd teve uma prestação notável, enquanto percorria alguns dos melhores temas do seu catálogo, tendo ainda tempo de fazer uma interpretação de Pink Floyd que não destoou no resto da actuação.
Nova pausa e eis que surge a banda Rose McDowall... pega-se em SonVer, Naevus, juntam-se mais alguns membros e temos a banda liderada por Rose. A grande mais valia é a sua voz: firme, segura! A harmonia imperou, com partes mais suaves e outras mais ritmadas, mas ao contrário das outras bandas, o instrumento que sobressai é sem dúvida a voz.
A tudo isto juntou-se o violino, a flauta e para o final, Rose ainda tocou um pequeno harmónio de sopro algo invulgar. É uma presença bastante forte! Nota-se claramente que o arcaboiço que tem é diferente de muitos dos seus conterrâneos, e a experiência adquirida ao longo dos anos vê-se naquilo que faz em palco. Não é propriamente uma sonoridade consensual a sua, com alguns momentos talvez demasiado açucarados, mas a quem tem aquela voz (quase) tudo se perdoa.
De destacar ainda o lançamento de um CDr por parte da Dagaz Music, com dois temas de cada um dos projectos presentes em palco. Uma opção de louvar e que se espera que repita por muitas outras vezes.
Pena que mal tenha acabado a actuação, a sonoridade do espaço se tenha alterado tão radicalmente, que era um convite à saída. A Music Box fica num espaço bastante interessante e tem boas condições... mais eventos neste local serão sempre benvindos.