[EVENTO] Brendan Perry - Theatro Circo, Braga - 15/03/2010
EVENTO: Brendan Perry
LOCAL: Theatro Circo, Braga
DATA: 15 de Março de 2010, 22:00
Confesso que estive algum tempo a pensar no que iria dizer sobre o concerto de Brendan Perry, porque não conseguia expressar convenientemente por palavras o que foi vivido naquela segunda-feira à noite em Braga. Acabei por desistir - o que facilitou a coisa, diga-se de passagem.
Brendan Perry é um dos músicos mais influentes da sua geração, e a música que criou com os Dead Can Dance acompanhou-me durante grande parte da minha vida, assim como o continua a fazer, e estou certo que muitos que lêem estas palavras terão experiências semelhantes.
Devo também dizer que perdi a digressão que os Dead Can Dance fizeram aqui há uns tempos atrás, por isso ver Brendan ao vivo é o mais perto que podemos ficar dessa experiência. E a distância até acaba por ser pouca, uma vez que durante a noite foram várias as incursões ao catálogo desse mítico projecto, todas muito bem conseguidas - e recebidas, claro.
Brendan apresentou-se rodeado de músicos bastante jovens, o que representa bem a intemporalidade da sua música. Um teclista a tempo inteiro, mais uma alternância entre a baixista e o segundo guitarrista com um também segundo teclado, complementados por um competente baterista foi a receita para a noite - descontando a guitarra do próprio Brendan.
Claro que a competência técnica e de execução esteve sempre presente, em alguns momentos de forma brilhante, mas o que continua a impressionar é a figura central de Brendan, sob duas perspectivas que acho que são igualmente relevantes.
Primeiro, a voz. Meus caros, e que voz! Parece não sentir o passar dos anos, e ouvir todas aquelas variações entre o sussuro e o grito, com um timbre que nos acostumamos a associar a música de qualidade superior, é uma experiência por si só e que merece ser apreciada. Como o foi nessa noite.
Sempre simpático também, agradecendo várias vezes em Português, não se alongou na interacção com o público - uma pena, certo, mas nada que não fosse já expectável.
Depois, a intensidade. Músicas tão simples, apenas com guitarra, percussão e voz, mas com uma intensidade capaz de nos fazer arrepiar - esta sempre foi a fórmula mágica dos Dead Can Dance, e esteve presente em todo o seu esplendor ao longo desta noite.
Claro que nem sempre resulta. Alguns dos momentos da sua carreira a solo, incluindo músicas do novo disco, honestamente não resultam tão bem como outras do seu catálogo, e deixam ficar um travo a fillers. Comparando claro com o padrão tão alto de qualidade que nos habituou ao longo dos anos, porque muitos outros projectos matariam para ter fillers deste calibre na sua discografia. Mas, quando estamos a falar da quase perfeição, chegar apenas perto já não é suficiente...
De qualquer forma, nada que tenha comprometido a noite, seja de que forma for. Brendan Perry passeou classe pelo Theatro Circo, e a entusiasta recepção que teve motivou dois encores e uma sala cheia que teve certamente aquilo que foi procurar a Braga - uma noite de música excelente, do melhor que se faz neste espectro sonoro.
Uma palavra final para o próprio Theatro Circo, uma sala nobre que merece muitos mais espectáculos. Sem dúvida uma das melhores salas em que tivemos o privilégio de estar. Até à próxima!
LOCAL: Theatro Circo, Braga
DATA: 15 de Março de 2010, 22:00
Confesso que estive algum tempo a pensar no que iria dizer sobre o concerto de Brendan Perry, porque não conseguia expressar convenientemente por palavras o que foi vivido naquela segunda-feira à noite em Braga. Acabei por desistir - o que facilitou a coisa, diga-se de passagem.
Brendan Perry é um dos músicos mais influentes da sua geração, e a música que criou com os Dead Can Dance acompanhou-me durante grande parte da minha vida, assim como o continua a fazer, e estou certo que muitos que lêem estas palavras terão experiências semelhantes.
Devo também dizer que perdi a digressão que os Dead Can Dance fizeram aqui há uns tempos atrás, por isso ver Brendan ao vivo é o mais perto que podemos ficar dessa experiência. E a distância até acaba por ser pouca, uma vez que durante a noite foram várias as incursões ao catálogo desse mítico projecto, todas muito bem conseguidas - e recebidas, claro.
Brendan apresentou-se rodeado de músicos bastante jovens, o que representa bem a intemporalidade da sua música. Um teclista a tempo inteiro, mais uma alternância entre a baixista e o segundo guitarrista com um também segundo teclado, complementados por um competente baterista foi a receita para a noite - descontando a guitarra do próprio Brendan.
Claro que a competência técnica e de execução esteve sempre presente, em alguns momentos de forma brilhante, mas o que continua a impressionar é a figura central de Brendan, sob duas perspectivas que acho que são igualmente relevantes.
Primeiro, a voz. Meus caros, e que voz! Parece não sentir o passar dos anos, e ouvir todas aquelas variações entre o sussuro e o grito, com um timbre que nos acostumamos a associar a música de qualidade superior, é uma experiência por si só e que merece ser apreciada. Como o foi nessa noite.
Sempre simpático também, agradecendo várias vezes em Português, não se alongou na interacção com o público - uma pena, certo, mas nada que não fosse já expectável.
Depois, a intensidade. Músicas tão simples, apenas com guitarra, percussão e voz, mas com uma intensidade capaz de nos fazer arrepiar - esta sempre foi a fórmula mágica dos Dead Can Dance, e esteve presente em todo o seu esplendor ao longo desta noite.
Claro que nem sempre resulta. Alguns dos momentos da sua carreira a solo, incluindo músicas do novo disco, honestamente não resultam tão bem como outras do seu catálogo, e deixam ficar um travo a fillers. Comparando claro com o padrão tão alto de qualidade que nos habituou ao longo dos anos, porque muitos outros projectos matariam para ter fillers deste calibre na sua discografia. Mas, quando estamos a falar da quase perfeição, chegar apenas perto já não é suficiente...
De qualquer forma, nada que tenha comprometido a noite, seja de que forma for. Brendan Perry passeou classe pelo Theatro Circo, e a entusiasta recepção que teve motivou dois encores e uma sala cheia que teve certamente aquilo que foi procurar a Braga - uma noite de música excelente, do melhor que se faz neste espectro sonoro.
Uma palavra final para o próprio Theatro Circo, uma sala nobre que merece muitos mais espectáculos. Sem dúvida uma das melhores salas em que tivemos o privilégio de estar. Até à próxima!
Sem comentários:
Enviar um comentário