[EVENTO] X-TG + Ulver - Casa da Música, Porto - 05/11/2010
EVENTO: Throbbing Gristle + Ulver
LOCAL: Casa da Música, Porto
DATA: 5 de Novembro de 2010, 22:30
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Há qualquer coisa de mágico no experimentalismo sonoro. Já Boyd Rice dizia, numa entrevista que lhe fiz há alguns anos atrás, que para ele música de computador não fazia sentido. Apesar dos X-TG terem apresentado uma considerável parafernália informática, a manipulação sonora foi uma constante através dos mais variados e retorcidos equipamentos. Assim como a gente gosta.
O ambiente estava criado para uma excelente actuação, que não ficou em mãos alheias. Desfilando composições do reportório Throbbing Gristle, os X-TG ainda nos brindaram com uma música nova, a interpretação da primeira música por eles criada e alguns devaneios mais - como o próprio Peter Christopherson dizia, "nunca sabemos bem o que vai acontecer".
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E quando finalmente Garm e companhia subiram ao palco, percebeu-se o porquê da expectativa. Abrindo com a abertura (passe o pleonasmo) de "Shadows From The Sun" e desfilando durante cerca de 1 hora composições de "Perdition City" para a frente (o passado está definitivamente enterrado, para o bem e para o mal), os momentos de intensidade inigualável estavam lá todos, com grandes temas uns a seguir aos outros.
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Talvez a sua mais impressionante faceta seja a capacidade de começar uma música com um simples acorde ou ritmo na bateria, complementá-la com camadas sonoras que se vão acumulando ao mesmo tempo que a intensidade vai crescendo, até ao clímax traduzido numa explosão de cacofonia sonora apenas ao alcance dos predestinados. Aqui tem especial destaque a electrónica acrescentada pelos teclados, computadores e sintetizadores que compõem uma das bases em que a música dos Ulver assenta - não demasiada ostensiva, mas omnipresente e capaz de fazer a diferença.
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Na verdade, os Ulver funcionam como um todo. Têm a virtude de cada um dos elementos individuais ser extraordinário, mas o que realmente lhes proporciona o factor de diferença face aos seus pares é a capacidade de agarrarem nesses elementos e tornarem o todo com eles criado maior do que o somatório de cada componente individual.
Desculpem-me todos os que não puderam ir, mas este foi um concerto extraordinário, daqueles que fica na memória para a vida. Julguei que nunca os conseguiria ver, mas felizmente enganei-me. Só espero poder repetir a experiência no futuro.
P.S.: Obrigado ao André Henriques pelas fotos de Ulver, bem melhores do que as minhas - como é normal, aliás. :)
4 comentários:
Conclusão: http://www.youtube.com/watch?v=rW9z-TuqrXA&hd=1
Excelente vídeo, obrigado pela partilha!
Mas hoje é um dia de mixed feelings: http://www.factmag.com/2010/11/25/throbbing-gristles-peter-sleazy-christopherson-dies-aged-55/
Ver desaparecer um vulto da música poucos dias depois de o vermos ao vivo numa prestação impecável é terrível...
De facto e um dia verdadeiramente triste. Apos ver o homem a cantar e a abanar-se, a contar piadas, e a berrar para uma ventoinha partida, ele morre, no sono. Parecia que tinha 50 anos a sua frente, e agora...tenho de admitir que estou destroçado, quem inventou este tipo de musico ja se esqueceu dos planos...
Foi uma pena nao ter ficado mais tempo para ver Ulver, pois ouvi muito bem da performance, mas vinha atrelado, tive de me ir embora...
De facto deixa-nos todos um bocado parvos, principalmente pelo legado que ele deixa ficar e pelo potencial do que poderia ainda fazer. De qualquer forma, a melhor homenagem que lhe pode ser feita é continuar a apreciar a sua obra, que é muita em qualidade e quantidade.
Quanto a Ulver, foi de facto fantástico, pena não poderes ter visto. Boleias é sempre tramado...
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