domingo, 29 de novembro de 2009

[ENTREVISTA] Oniric

DOS SONHOS PARA A REALIDADE

O projecto Oniric não será dos mais conhecidos, mas se dissermos que é oriundo de Itália e que pratica uma sonoridade enraizada no Cabaret, se calhar algumas sobrancelhas começam a levantar-se com interesse. Percorremos este mundo de sonhos com a ajuda de Carlo e GianVigo para os podermos conhecer melhor e ficarmos viciados nesta síndroma.

Podem apresentar os Oniric a quem não vos conhece?

Os Oniric são um projecto que começou como um duo e tem evoluído a partir daí com o passar do tempo, formados por Carlo De Filippo e GianVigo (Gianpiero Timbro). O primeiro encontro artístico deu imediatamente origem à composição directa e espontânea inspirada por sonhos etéreos, juntando as cordas tristes e o esbatido som obscuro de Carlo com a melodia e a sonoridade vibrante de GianVigo: rapidamente, uma veia nostálgica e intimista nasceu dos primeiros trabalhos. A colaboração regular com Simona Giusti permitiu que o projecto aumentasse as suas peculiares atmosferas, devido à sua voz angelical.

E porquê este nome para a banda? Têm os sonhos um tão grande impacto na vossa música?

“Oniric” é uma palavra que representa o que pertence ao mundo dos sonhos. Faz alusão a sugestões, visões, experiências vividas em sonhos e na ilusão da mente, dando a possibilidade de se distanciar da realidade para a poder perceber melhor.

Começaram a escrever música em conjunto em 2005, mas só agora lançam a vossa estreia – o que estiveram a fazer no entretanto?

Um ano depois, em 2006, fizemos o nosso primeiro EP intitulado “Suggestioni”, depois um par de singles (“Destroy Paranoia” com Simona Giusti (a primeira vez que trabalhamos com ela) e “Blessing”) e no ano passado outro EP chamado “Boulevard Cinéma”. Além disso, temos tido uma intensa actividade ao vivo durante todo este tempo.

E qual foi a centelha que vos levou a criar esta banda?

Bem, para dizer a verdade, quando começamos a tocar juntos não planeamos criar um projecto específico. Por isso não nos preocupamos com as notas que eram criadas quando estávamos a tocar. Permitimos que a natureza seguisse o seu curso, e aqui estamos.

Agora que “Cabaret Syndrome” foi lançado, estão satisfeitos com o resultado final ou mudariam algo se tivessem essa oportunidade?

Estamos satisfeitos com o resultado final porque o que acabamos por realizar foi a matriz original para cada composição. Não seria positivo ter a possibilidade de mudar alguma coisa num período que não é aquele em que a música foi criada.

E qual foi o processo de composição para este disco?

Não estabelecemos qualquer limite temporal para compor. No nosso contínuo processo de improvisação capturamos instantes que nos parecem mágicos e desenvolvemo-los.

Qual é o principal conceito por detrás de “Cabaret Syndrome”? Há um tema central que exploram com a vossa música e as vossas letras?

Por detrás do título Cabaret Syndrome” há um retrato das várias formas de Cabaret do século vinte (em particular o Cabaret Francês), as mais características e evocativas. O termo “Syndrome” indica uma forma de exasperação, um vício para aqueles espectáculos intelectuais e não conformistas, uma tendência artística desapaixonada em direcção a um estilo de vida fora de moda. As músicas e as letras revolvem em redor de sensações espontâneas e temporárias, como uma criança as viveria.

Quais são as principais fontes de inspiração que vos levaram a criar este trabalho?

Não há uma influência principal que é visível nos nossos trabalhos, muitas vezes tiramos o pó a músicas que nos fazem lembrar a nossa infância ou que nos conseguem dar a oportunidade de viver épocas nunca vistas. Acima de tudo, procuramos por algo que nos possa satisfazer a alma, para além dos nossos ouvidos.

Ao ouvir alguma da vossa música, encontro referências a sonoridades típicas das feiras ambulantes do passado – é algo que decidiram deliberadamente incorporar?

Isso não foi realmente intencional, mas pode ser uma boa ideia para os nossos próximos trabalhos! [risos]

Como tem sido até agora a reacção ao disco? Alinhada com a vossa expectativa?

Para já podemos considerar-nos satisfeitos, mas é demasiado cedo para ter uma visão completa sobre as nossas expectativas.

Há outros projectos em Itália a explorar o conceito de Cabaret – acham que é uma sonoridade de alguma forma associada ao vosso país, ou criariam a mesma música se fossem oriundos de outro local?

Não pensamos numa relação entre o Cabaret e o nosso país, por vezes transportamo-nos para outros locais e a nossa música pode sair afectada devido a isso.

Quais são alguns dos mais recentes projectos que captaram a vossa atenção?

Olhamos com admiração para projectos como Ashram, Spiritual Front, Corde Oblique, Argine (nossos vizinhos), Cinema Strange, Ordo Rosarius Equilibrio e, para além deste estilo musical, bandas como Get Well Soon, Beirut ou Devotchka.

Já tiveram oportunidade de levar o “Cabaret Syndrome” para o palco?

Nas próximas semanas devemos começar a apresentar o nosso trabalho em sessões ao vivo, e esperamos obter uma boa atenção por parte do público.

Alguns planos para virem a Portugal num futuro próximo?

Há uma oportunidade de irmos a Portugal, embora não saibamos exactamente quando. Não conhecemos muito sobre o vosso país, seria uma boa oportunidade de o conhecer de mais perto!

E quais são os planos para o futuro com os Oniric?

Neste momento estamos a preparar as próximas actuações ao vivo onde vamos apresentar o novo disco. De seguida vamos começar a recolher material para trabalhar num novo trabalho!

Lurker

[Websites: http://www.myspace.com/oniricband]

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