[ANÁLISE] Dernière Volonté - "Immortel" [CD - 2010]
Immortel [CD]
Hau Ruck!
Descontando alguns singles, edições ao vivo e lançamentos similares, este "Immortel" é o primeiro álbum de Dernière Volonté em 4 anos - isto considerando que Geoffroy Dreux nos tinha antes dado 4 longas-duração em 8 anos. Fazendo uma média simples, passamos de um disco novo a cada 2 anos para ter que ficar 4 anos à espera - mas aritmética também não é algo que possamos facilmente associar ao projecto Francês. Seja como for, a pergunta que se impõe é: valeu a pena a espera?
E a resposta, depois de devidamente "digerido" este trabalho, só pode ser uma: não só valeu a pena, como foi penosa esta espera! Isto porque "Immortel" é um excelente disco, e a julgar pelo padrão qualitativo que Geoffroy nos tem proporcionado, seria um prazer tem uma maior regularidade mantendo a mesma bitola. A não ser possível, ter um disco deste calibre a cada 4 anos continua a ser um bom negócio para quem está deste lado do processo criativo. Mais qualidade e menos quantidade, e inverteríamos o paradigma corrente da indústria musical.
Depois de uma pequena introdução (que, pese a verdade, é tão dispensável como a última faixa do disco), temos a primeira grande "bomba" de "Immortel". "Languissant" é daquelas faixas clássicas de Dernière Volonté, misto de batida marcial e electrónica quase dançável, numa sensibilidade melódica invulgar e com um ritmo que não é capaz de nos deixar indiferentes. Pequenos pormenores entrelaçam-se com o principal veio da composição para nos proporcionar uma experiência fantástica, sempre com as vocalizações em Francês de Geoffroy em destaque. Não é só a delicadeza da língua (como se costuma dizer, até um insulto em Francês soa bem), é a subtileza das letras e das mensagens que são passadas. É um prazer completo, que se aprecia na simplicidade de uma grande música.
E a melhor notícia é que ainda é só a primeira faixa a sério. Enquanto vamos prosseguindo no disco vamos encontrando novas pérolas, como a suavidade e delicadeza de "Mon Orage" (logo a seguir) ou a tocante "Rien A Aimer" (que fecha um trio de abertura de luxo). "Impossible" é talvez a faixa mais electrónica deste trabalho, num ritmo hipnótico que resulta na perfeição, quase roçando o SynthPop, e a primeira parte do disco fecha com "Le Plus Secret", novamente numa toada ritmada.
A meio, encontramos "Fragile" que funciona como um interlúdio ambiental mas que corta algum do momentum que o disco tinha vindo a criar até então. "Trop Tard" volta a construi-lo, para em "Maintenant" termos talvez o melhor momento de "Immortel" - um ritmo contagiante, uma faixa vibrante de plenitude e um ímpeto que não conseguimos resistir sem acompanharmos o movimento que induz, seja com o pé, a cabeça ou todo o corpo. É aqui (como na abertura) que Geoffroy revela todo o potencial dos Dernière Volonté em escrever faixas que são verdadeiros ícones e que funcionam tão bem ao vivo como em disco ou em qualquer clube que se preze pela boa música.
"A Jamais" será porventura a faixa mais marcial deste disco, que recupera a electrónica na faixa título (com alguns bons momentos, mas sem ser a estrela do disco). A fechar "Peut Etre" e "Le Mal Que Tu Me Fais" vão buscar algumas raízes do cancioneiro Francês, típico cabaret fumarento versus femme fatale (pelo menos deste lado do imaginário) para encerrar em bom tom um disco que dispensava "Au Loin", a última faixa - totalmente inútil.
Quando tudo acaba, e o silêncio se instala, não podemos evitar percorrer mentalmente esta viagem, e perceber quão agradável foi - mesmo olhando para a capa ficamos com essa noção, de percurso que continua. É nesse momento que carregar novamente no play se torna imprescindível, e se percebe a carga aditiva que este disco nos vai induzir.
Não tenho por hábito percorrer discos faixa a faixa, mas não consegui evitar esse subterfúgio em "Immortel" - é um disco que justifica conhecermo-lo em detalhe, como um bom companheiro que nos vai acompanhar durante muito tempo. Tem os seus problemas, mas em muito são suplantados pelas suas virtudes.
Não sei o que se passa com 2010, mas é capaz de ser um dos melhores anos deste século em termos de edições. Mais discos como "Immortel" e a suposição passará a afirmação sem margem para dúvida.
Lurker
Hau Ruck!
Descontando alguns singles, edições ao vivo e lançamentos similares, este "Immortel" é o primeiro álbum de Dernière Volonté em 4 anos - isto considerando que Geoffroy Dreux nos tinha antes dado 4 longas-duração em 8 anos. Fazendo uma média simples, passamos de um disco novo a cada 2 anos para ter que ficar 4 anos à espera - mas aritmética também não é algo que possamos facilmente associar ao projecto Francês. Seja como for, a pergunta que se impõe é: valeu a pena a espera?
E a resposta, depois de devidamente "digerido" este trabalho, só pode ser uma: não só valeu a pena, como foi penosa esta espera! Isto porque "Immortel" é um excelente disco, e a julgar pelo padrão qualitativo que Geoffroy nos tem proporcionado, seria um prazer tem uma maior regularidade mantendo a mesma bitola. A não ser possível, ter um disco deste calibre a cada 4 anos continua a ser um bom negócio para quem está deste lado do processo criativo. Mais qualidade e menos quantidade, e inverteríamos o paradigma corrente da indústria musical.
Depois de uma pequena introdução (que, pese a verdade, é tão dispensável como a última faixa do disco), temos a primeira grande "bomba" de "Immortel". "Languissant" é daquelas faixas clássicas de Dernière Volonté, misto de batida marcial e electrónica quase dançável, numa sensibilidade melódica invulgar e com um ritmo que não é capaz de nos deixar indiferentes. Pequenos pormenores entrelaçam-se com o principal veio da composição para nos proporcionar uma experiência fantástica, sempre com as vocalizações em Francês de Geoffroy em destaque. Não é só a delicadeza da língua (como se costuma dizer, até um insulto em Francês soa bem), é a subtileza das letras e das mensagens que são passadas. É um prazer completo, que se aprecia na simplicidade de uma grande música.
E a melhor notícia é que ainda é só a primeira faixa a sério. Enquanto vamos prosseguindo no disco vamos encontrando novas pérolas, como a suavidade e delicadeza de "Mon Orage" (logo a seguir) ou a tocante "Rien A Aimer" (que fecha um trio de abertura de luxo). "Impossible" é talvez a faixa mais electrónica deste trabalho, num ritmo hipnótico que resulta na perfeição, quase roçando o SynthPop, e a primeira parte do disco fecha com "Le Plus Secret", novamente numa toada ritmada.
A meio, encontramos "Fragile" que funciona como um interlúdio ambiental mas que corta algum do momentum que o disco tinha vindo a criar até então. "Trop Tard" volta a construi-lo, para em "Maintenant" termos talvez o melhor momento de "Immortel" - um ritmo contagiante, uma faixa vibrante de plenitude e um ímpeto que não conseguimos resistir sem acompanharmos o movimento que induz, seja com o pé, a cabeça ou todo o corpo. É aqui (como na abertura) que Geoffroy revela todo o potencial dos Dernière Volonté em escrever faixas que são verdadeiros ícones e que funcionam tão bem ao vivo como em disco ou em qualquer clube que se preze pela boa música.
"A Jamais" será porventura a faixa mais marcial deste disco, que recupera a electrónica na faixa título (com alguns bons momentos, mas sem ser a estrela do disco). A fechar "Peut Etre" e "Le Mal Que Tu Me Fais" vão buscar algumas raízes do cancioneiro Francês, típico cabaret fumarento versus femme fatale (pelo menos deste lado do imaginário) para encerrar em bom tom um disco que dispensava "Au Loin", a última faixa - totalmente inútil.
Quando tudo acaba, e o silêncio se instala, não podemos evitar percorrer mentalmente esta viagem, e perceber quão agradável foi - mesmo olhando para a capa ficamos com essa noção, de percurso que continua. É nesse momento que carregar novamente no play se torna imprescindível, e se percebe a carga aditiva que este disco nos vai induzir.
Não tenho por hábito percorrer discos faixa a faixa, mas não consegui evitar esse subterfúgio em "Immortel" - é um disco que justifica conhecermo-lo em detalhe, como um bom companheiro que nos vai acompanhar durante muito tempo. Tem os seus problemas, mas em muito são suplantados pelas suas virtudes.
Não sei o que se passa com 2010, mas é capaz de ser um dos melhores anos deste século em termos de edições. Mais discos como "Immortel" e a suposição passará a afirmação sem margem para dúvida.
Lurker
2 comentários:
Excelente crítica. Até agora apenas tinha lido comentários fracos acerca do disco. Novo ímpeto para comprar.
-
F
Acho que tudo depende do espírito com que se aborda o disco... se estivermos à espera de outro "Obeir Et Mourir", então se calhar é um bocadinho ao lado, mas se formos na linha do "Toujours", então não vai ser grande surpresa.
Há momentos menos conseguidos também, mas o vigor dos pontos altos suplanta-os muito bem - pelo menos na minha opinião.
De qualquer forma, nada como uma audição para poderes ter a tua própria opinião sobre este trabalho. ;)
Enviar um comentário