[EVENTO] Type O Negative + [f.e.v.e.r.] - Coliseu dos Recreios, Lisboa - 27/06/2007
EVENTO: Type O Negative + [f.e.v.e.r.]
LOCAL: Coliseu dos Recreios, Lisboa
DATA: 27 de Junho de 2007, 21:00
Parece-me inegável que os Type O Negative são uma das bandas mais influentes do espectro da música melancólico-pesada dos últimos anos. E também da pura bandalheira. É nesta dicotomia pérolas/porcos que a seminal banda Nova Iorquina assentou uma carreira tão recheada de polémicas e parvoíce como de puro génio e clássicos da música.
Por isso, e pela história que escreveram atrás de si, um espectáculo ao vivo dos Type O Negative é sempre um gigantesco ponto de interrogação. Já vi bootlegs de actuações quase perfeitas, assim como li relatos de serem vaiados pelo público para fora do palco depois de largos minutos de palhaçada sem se vislumbrar nem que fosse um ténue acorde de uma das suas músicas. Mas, acima de tudo, nunca os tinha visto ao vivo. Daí que esta primeira visita da banda a Portugal tenha sido a ocasião perfeita para vários milhares de fãs - que, diga-se, esperavam por este momento há muitos anos - se deslocarem ao Coliseu e viverem na própria pele o festival bizzaro que é um concerto dos Type O Negative.
Com um dia de distanciamento pelo meio, para solidificar as emoções e criar uma imagem clara dessa noite na minha cabeça, pessoalmente foi um concerto no mínimo "morno". Pelo que foi dito em cima, a expectativa também não poderia ser nunca muito alta, mas faltou aquela centelha ao espectáculo para o tornar emocionante. Não foi um desastre, longe disso, mas alternou bons momentos com outros no mínimo dispensáveis.
Foi um concerto dividido em três grandes partes, separadas por alguns momentos de pausa e de maior interacção com o público. Senti a primeira parte como quase um aquecimento - como se estivessemos a ver um ensaio da banda num qualquer estúdio em Brooklyn. Teve bons momentos, como a antémica "We Hate Everyone", mas aliada à fraca qualidade do som nos primeiros 10-15 minutos esteve uma banda que, em momentos, não sabia muito bem que música estava a tocar.
Pete Steele liderava um misto de emoção e confusão, com acordes ao lado, vocalizações sofríveis, um aspecto algo ébrio e um aparente desinteresse com o que se passava do outro lado do palco. O Aragonês devia estar a começar a "bater". :) Por outro lado, Kenny e Johnny (principalmente este último, com uma actuação de muito alto nível) compensavam o público com a energia que faltava ao seu frontman (com Kenny a assumir esse papel em vários momentos), e Josh mantinha-se alheado (como habitual) por detrás da sua maquinaria.
Depois de uma primeira pausa, a segunda parte do concerto tocou nos dois extremos referidos anteriormente: uma desinteressante demonstração de Pete de como simular vómito, acordes soltos de músicas de várias bandas (como Nirvana ou Beatles) - sem no entanto tocarem nenhuma delas -, uma demonstração que o Josh não sabe cantar e, quando tudo parecia perdido e se caminhava a passos largos para o abismo, finalmente a redenção. Quando se tem no reportório músicas como "Love You To Death" ou "Christian Woman", faz pouco sentido desperdiçar metade de um set já de si curto a (tentar) provar que são uns "gánda'malucos".
Depois da última pausa, e já com Pete movido a água, veio um dos momentos por que muitos dos presentes esperavam: "Black No. 1". Surpreendeu-me tocarem estas duas músicas do "Bloody Kisses", principalmente depois de terem dado entrevistas dizendo que estavam fartos de andar a tocar as mesmas músicas há mais de 10 anos, e deixarem de fora tantos clássicos quer do "October Rust" quer do "World Coming Down", mas uma escolha tinha que ser feita. Pena ter sido um pouco fraquinha, no cômputo geral.
Quando tudo acabou, não se pode dizer que tenha sido um mau concerto. Aliás, estive com várias pessoas para quem o concerto tinha sido fantástico. Pessoalmente, acho que não teve a atitude necessária para se tornar num momento memorável - faltou energia, emotividade, aquele edge que transforma algo banal em algo especial. A setlist foi bastante discutível, os momentos de devaneio mais longos do que o desejável, mas a magia dos Type O Negative também fez a sua aparição. Se, como disse Pete, estiverem de volta para o próximo ano, espero que superem em qualidade e duração este concerto.
A abrir, os [f.e.v.e.r.] demonstraram porque são um dos projectos nacionais a ter debaixo de olho. Uma actuação sólida, bem conseguida, plena de energia e com um público entusiasta, o que deixa prever uma boa recepção ao seu longa-duração de estreia. Foi uma excelente oportunidade para se apresentarem a um público mais vasto, e não a desperdiçaram.
Uma última palavra para o público, que acorreu em bom número mas longe de esgotar o recinto. Tivesse este concerto sido há 10 anos atrás, e o Coliseu teria esgotado em poucos dias. Faço minhas as palavras de Pete Steele: "gostaria de ter estado aqui há 18 anos atrás". Não digo tanto tempo, mas para quem chegou tarde, bem se podia ter esforçado um pouco mais...
LOCAL: Coliseu dos Recreios, Lisboa
DATA: 27 de Junho de 2007, 21:00
Parece-me inegável que os Type O Negative são uma das bandas mais influentes do espectro da música melancólico-pesada dos últimos anos. E também da pura bandalheira. É nesta dicotomia pérolas/porcos que a seminal banda Nova Iorquina assentou uma carreira tão recheada de polémicas e parvoíce como de puro génio e clássicos da música.
Por isso, e pela história que escreveram atrás de si, um espectáculo ao vivo dos Type O Negative é sempre um gigantesco ponto de interrogação. Já vi bootlegs de actuações quase perfeitas, assim como li relatos de serem vaiados pelo público para fora do palco depois de largos minutos de palhaçada sem se vislumbrar nem que fosse um ténue acorde de uma das suas músicas. Mas, acima de tudo, nunca os tinha visto ao vivo. Daí que esta primeira visita da banda a Portugal tenha sido a ocasião perfeita para vários milhares de fãs - que, diga-se, esperavam por este momento há muitos anos - se deslocarem ao Coliseu e viverem na própria pele o festival bizzaro que é um concerto dos Type O Negative.
Com um dia de distanciamento pelo meio, para solidificar as emoções e criar uma imagem clara dessa noite na minha cabeça, pessoalmente foi um concerto no mínimo "morno". Pelo que foi dito em cima, a expectativa também não poderia ser nunca muito alta, mas faltou aquela centelha ao espectáculo para o tornar emocionante. Não foi um desastre, longe disso, mas alternou bons momentos com outros no mínimo dispensáveis.
Foi um concerto dividido em três grandes partes, separadas por alguns momentos de pausa e de maior interacção com o público. Senti a primeira parte como quase um aquecimento - como se estivessemos a ver um ensaio da banda num qualquer estúdio em Brooklyn. Teve bons momentos, como a antémica "We Hate Everyone", mas aliada à fraca qualidade do som nos primeiros 10-15 minutos esteve uma banda que, em momentos, não sabia muito bem que música estava a tocar.
Pete Steele liderava um misto de emoção e confusão, com acordes ao lado, vocalizações sofríveis, um aspecto algo ébrio e um aparente desinteresse com o que se passava do outro lado do palco. O Aragonês devia estar a começar a "bater". :) Por outro lado, Kenny e Johnny (principalmente este último, com uma actuação de muito alto nível) compensavam o público com a energia que faltava ao seu frontman (com Kenny a assumir esse papel em vários momentos), e Josh mantinha-se alheado (como habitual) por detrás da sua maquinaria.
Depois de uma primeira pausa, a segunda parte do concerto tocou nos dois extremos referidos anteriormente: uma desinteressante demonstração de Pete de como simular vómito, acordes soltos de músicas de várias bandas (como Nirvana ou Beatles) - sem no entanto tocarem nenhuma delas -, uma demonstração que o Josh não sabe cantar e, quando tudo parecia perdido e se caminhava a passos largos para o abismo, finalmente a redenção. Quando se tem no reportório músicas como "Love You To Death" ou "Christian Woman", faz pouco sentido desperdiçar metade de um set já de si curto a (tentar) provar que são uns "gánda'malucos".
Depois da última pausa, e já com Pete movido a água, veio um dos momentos por que muitos dos presentes esperavam: "Black No. 1". Surpreendeu-me tocarem estas duas músicas do "Bloody Kisses", principalmente depois de terem dado entrevistas dizendo que estavam fartos de andar a tocar as mesmas músicas há mais de 10 anos, e deixarem de fora tantos clássicos quer do "October Rust" quer do "World Coming Down", mas uma escolha tinha que ser feita. Pena ter sido um pouco fraquinha, no cômputo geral.
Quando tudo acabou, não se pode dizer que tenha sido um mau concerto. Aliás, estive com várias pessoas para quem o concerto tinha sido fantástico. Pessoalmente, acho que não teve a atitude necessária para se tornar num momento memorável - faltou energia, emotividade, aquele edge que transforma algo banal em algo especial. A setlist foi bastante discutível, os momentos de devaneio mais longos do que o desejável, mas a magia dos Type O Negative também fez a sua aparição. Se, como disse Pete, estiverem de volta para o próximo ano, espero que superem em qualidade e duração este concerto.
A abrir, os [f.e.v.e.r.] demonstraram porque são um dos projectos nacionais a ter debaixo de olho. Uma actuação sólida, bem conseguida, plena de energia e com um público entusiasta, o que deixa prever uma boa recepção ao seu longa-duração de estreia. Foi uma excelente oportunidade para se apresentarem a um público mais vasto, e não a desperdiçaram.
Uma última palavra para o público, que acorreu em bom número mas longe de esgotar o recinto. Tivesse este concerto sido há 10 anos atrás, e o Coliseu teria esgotado em poucos dias. Faço minhas as palavras de Pete Steele: "gostaria de ter estado aqui há 18 anos atrás". Não digo tanto tempo, mas para quem chegou tarde, bem se podia ter esforçado um pouco mais...
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